
A situação das pessoas idosas em situação de rua em Natal têm preocupado o poder público. De acordo com dados coletados no relatório do Censo da População em Situação de Rua no Rio Grande do Norte, divulgados no início deste ano, pela Secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (SETHAS/RN), 67,71% das pessoas que moram na rua no estado estão concentradas em Natal. Em todo o estado, 5,6% da população em situação de rua são pessoas idosas nas faixas etárias de 60 a 75 anos. Já os acima de 75 anos, somam cerca de 1% do total de moradores.
Em Natal, de acordo com a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (SEMTAS), existem 55 pessoas idosas em situação de rua mapeadas, sendo acolhidas em uma das cinco Instituições de Longa Permanência (ILP). Entretanto, o número oficial de pessoas idosas em situação de rua na capital potiguar pode estar defasado, devido à subnotificação, o que impossibilita o registro.
De acordo com a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social de Natal (SSEMTAS ), a Prefeitura possui serviço de acolhimento institucional para idosos em situação de vulnerabilidade social, dentre elas, em situação de rua, por meio de termos de fomento com as Instituições de Longa Permanência para Idosos.
Em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, o advogado presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da OAB/RN, Davi Nogueira Sales, explicou que, apesar de Natal se destacar nas discussões sobre a população idosa em situação de rua, o que mais chama atenção é o fato da capital potiguar possuir o maior número e concentração desse grupo no estado.
Ele destaca que existe problemática nos dados apresentados em censos, como o último realizado no RN e nas informações fornecidas pelas administrações municipais, especialmente em Natal. Essas informações, segundo o advogado, não refletem com precisão a realidade e muitas vezes são “conflitantes”, o que representa em obstáculo para o avanço nas discussões e para a formulação de propostas efetivas relacionadas à situação.
“Natal apresenta nos dados que fornece um quantitativo correspondente a praticamente a metade do apontado pelos dados fornecidos pelo RN. Neste sentido, compreende-se que não é crível, pelo que se vê nas ruas, que apenas 6% à 7% das pessoas em situação de rua identificadas, tenham 60 anos ou mais, vemos e constatamos que o número de pessoas idosas em situação de rua é superior aos indicados”, ressaltou.
Segundo Davi Nogueira Sales, as discussões para proposição de políticas públicas em Natal não avançam, pois há dificuldade até na análise de dados. Há um conflito de informações e dados, que destoam da realidade e, no caso da capital potiguar, “os quantitativos e dados fornecidos são dos levantamentos feitos com pessoas que estão no CadÚnico ou assistidas por serviços socioassistenciais fornecidos, por sua vez, o referido Censo da SETHAS/RN, indica que mais de 40% dos perguntados informaram que não haviam sido atendidos por serviços da rede socioassistencial nos últimos seis meses da entrevista”, apontou.