
Nesta terça, o governo federal divulgou os últimos resultados do Prodes Cerrado, a medição oficial do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que monitora o desmatamento no Cerrado. No ciclo de agosto de 2022 a julho de 2023 (os intervalos da série histórica pegam o meio de cada ano), houve aumento de 3% na perda de vegetação em relação ao número anterior (2021/2022). Ao todo, foram desmatados 11.011,7 km² de vegetação nativa no bioma. No mesmo evento, o governo anunciou a publicação do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado), que prevê medidas para melhoria da fiscalização
Os estados do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) concentraram 75% do desmatamento monitorado. Maranhão lidera o ranking, mas o maior aumento proporcional ocorreu na Bahia, onde o resultado foi 38% maior do que no Prodes anterior. Do total no bioma, 63,47% do que foi desmatado aconteceu em área privada, muito acima das outras categorias. As Unidades de Conservação sofreram 7,39% dos cortes e o resto aconteceu em em terras públicas não destinadas, assentamentos, além da categoria “outras”, quando não há definição sobre o território. O que foi desmatado em Terra Indígena (TI) e área quilombola soma apenas 1% do total.
Como mostrou O GLOBO, o desmatamento no Cerrado, ao contrário da Amazônia, vem crescendo em 2023. Outubro foi o quarto mês do ano que bateu recorde de desmatamento mensal na série histórica. O Prodes de agora aponta a quarta temporada seguida de alta. Além de problemas de supressão irregular, o governo federal alega que boa parte do desmatamento é autorizado por órgãos estaduais ambientais. Pelas regras do Código Florestal, uma propriedade no Cerrado, bioma que é berco de oito das 12 principais bacias hidrográficas do país, só precisa ter 20 a 35% de sua área destinada à Reserva Legal.
— Enquanto presenciamos ações efetivas e queda de desmatamento na Amazônia, os dados para o Cerrado estão na contramão. Considerado a savana com maior biodiversidade do planeta, ele é também um dos biomas mais ameaçados, pois conta com uma proteção ambiental mais frágil e, consequentemente, com sucessivos recordes de desmatamento — afirmou Edegar de Oliveira, diretor de Conservação e Restauração do WWF-Brasil.
O Globo