Notice: Function _load_textdomain_just_in_time was called incorrectly. Translation loading for the essential-blocks domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u889259375/domains/joelrei.com.br/public_html/wp-includes/functions.php on line 6114
GENERAL FREIRE GOMES DISSE À PF QUE BOLSONARO E MINISTRO DA DEFESA APRESENTARAM DUAS MINUTAS DE GOLPE – Blog Joel Rei GENERAL FREIRE GOMES DISSE À PF QUE BOLSONARO E MINISTRO DA DEFESA APRESENTARAM DUAS MINUTAS DE GOLPE – Blog Joel Rei

GENERAL FREIRE GOMES DISSE À PF QUE BOLSONARO E MINISTRO DA DEFESA APRESENTARAM DUAS MINUTAS DE GOLPE

O depoimento do general Marco Antonio Freire Gomes foi considerado “consistente” e “revelador”, segundo eu apurei. Ele relata que foram apresentadas a ele pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e pelo ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, duas versões da minuta do golpe, avisando que aquilo tinha que ser implementado. O brigadeiro Carlos de Almeida Batista Jr. também foi nessa linha. Bolsonaro deve ser indiciado, junto com o tenente-coronel Mauro Cid, no caso das vacinas, ainda nesta quinzena. Depois tem o caso das joias. Até o meio do ano, a investigação sobre a tentativa de golpe levará ao indiciamento dos culpados.

O que eu apurei coincide com o que a minha colega Bela Megale publicou ontem na versão online deste jornal. Sim, os comandantes implicaram diretamente o ex-presidente na tentativa de golpe. A fala dos dois ex-comandantes, o do Exército e o da Aeronáutica, é confirmada pelos fatos, como a minuta do golpe que também foi encontrada no gabinete do ex-presidente dentro do Partido Liberal. “É depoimento, mas está comprovado pela apreensão que foi feita”, me disse uma fonte.

A impressão geral é que os depoimentos do general e do brigadeiro preencheram “lacunas”. Foram dados detalhes da reunião em que isso foi discutido, quem estava e o que disseram. “E as peças foram se encaixando como num quebra-cabeças”, me disse uma fonte.

O ponto central dos depoimentos, principalmente o do general Freire Gomes, é que o próprio presidente apresentou a minuta. Foi Bolsonaro também quem chamou reservadamente no Alvorada, o general Estevam Theophilo, comandante do Coter, o comando das Operações Terrestres, onde teria mostrado o “firme propósito de implementar o que estava escrito”. O general Theophilo disse que foi à reunião no palácio a mando de Freire Gomes. Contudo, Freire Gomes não confirmou essa informação e disse que não partiu dele a ordem.

Com esses depoimentos, a última fase da busca e apreensão, a análise dos celulares, a delação do ajudante de ordens Mauro Cid vai se confirmando. Mas ele será inquirido novamente para tirar outras dúvidas. Isso não significa falha na delação, mas apenas, segundo me explicaram, o processo normal, que é dinâmico. Depois disso, o juiz analisa o contexto final.

Mauro Cid está envolvido em várias investigações. A que está sendo encerrada esses dias é a do caso das vacinas. Termina ainda nesta quinzena de março. Ele deve ser indiciado da mesma forma que o ex-presidente e outros envolvidos na fraude dos certificados de vacinação. Na sequência, virá o caso das joias, que depende de colaboração internacional.

A mais relevante das três investigações é a da conspiração para dar um golpe militar contra a democracia brasileira. Segundo a minha apuração, até meados do ano, deve estar na fase de indiciamento dos responsáveis. Há um vasto material.

A dúvida em torno do general Freire Gomes é o motivo pelo qual ele não denunciou o que estava sendo preparado. Isso é uma vertente da investigação, as razões da estratégia de não denunciar. E até os acampamentos diante dos quartéis, por que não desfazê-los?

A versão apresentada pelos militares é a de que havia um parecer jurídico considerando que desfazer os acampamentos não era atribuição do Exército, porque seria um caso de segurança pública. O problema é que os militares chegaram a pôr tropas para impedir a retirada dos acampados pedindo golpe de estado. O depoimento esclarece alguns pontos, mas os motivos pelos quais o golpe e as minutas vistas pelos comandantes não foram denunciados ainda são parte da investigação.

O que eu ouvi de outras fontes militares que não estão sendo investigadas é que toda a situação criava um dilema. Denunciar poderia ser entendido como interferência no processo eleitoral. Nada falar também poderia ser entendido como interferência e que o general Freire Gomes tem a seu favor o fato de que a disciplina foi preservada nas 667 organizações militares da Força Terrestre. E não houve qualquer movimento porque o general disse “não” ao golpe. Uma fonte da investigação que ouvi ontem concorda que “isso é relevante juridicamente e mostra que houve uma estratégia para neutralizar a ação tresloucada do ex-presidente e do ex-ministro da Defesa, alertando que não haveria concordância nenhuma do Exército. E nem da Aeronáutica”.

O Globo