Rio (AE) – Com a pandemia de covid-19 para trás, o feriadão do Carnaval, uma das principais datas para o turismo nacional, deverá movimentar R$ 8,18 bilhões neste ano, conforme estimativa da Divisão de Economia e Inovação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se confirmada a projeção, a receita de negócios associados ao turismo, como bares, restaurantes e hotéis, será 26,9% acima da registrada em 2022, em valores já atualizados pela inflação.A forte alta, puxada pela normalização definitiva das atividades afetadas pelas restrições ao contato social impostas pela pandemia, será insuficiente para recuperar o nível de receitas ao registrado em 2020 – ficará 3,3% abaixo. Naquele ano, o Carnaval ocorreu dentro da normalidade, movimentando R$ 8,47 bilhões, em valores de janeiro deste ano. A covid-19 chegaria ao País logo depois do feriadão.
“O Carnaval é considerado o ‘Natal do turismo’ brasileiro. Nesse sentido, as atividades que o compõem foram severamente impactadas desde a decretação da crise sanitária em meados de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Para o principal evento do calendário turístico brasileiro, as medidas restritivas significaram o cancelamento do Carnaval em diversas regiões do País, nos dois últimos anos”, diz um trecho do relatório sobre o levantamento da CNC.
Por causa da pandemia, a receita dos negócios associados ao turismo tombou 43% no Carnaval de 2021, na comparação com 2020. Em 2022, com a vacinação já avançada, houve uma recuperação, mas os R$ R$ 6,45 bilhões movimentados ainda estavam 24% abaixo dos valores movimentados em 2020.
Segundo a CNC, o destaque será o segmento de bares e restaurantes, com movimentação esperada de R$ 3,63 bilhões. As empresas de transporte de passageiros deverão movimentar R$ 2,35 bilhões, enquanto a receita dos serviços de hospedagem em hotéis e pousadas deverão movimentar R$ 890 milhões. “Juntos, estes três segmentos responderão por quase 84% de toda a receita gerada durante o maior feriado do calendário nacional”, diz o relatório da CNC.
Com a recuperação, o estudo estima que os negócios associados ao turismo gerarão 24,6 mil empregos temporários no próximo Carnaval deste ano.
“Cozinheiros (4,40 mil), auxiliares de cozinha (3,45 mil) e profissionais de limpeza (2,21 mil) devem ser as profissões mais demandadas neste ano”, diz o relatório da entidade.
Ainda assim, o número ficará aquém do Carnaval de 2020, quando foram gerados 26,1 mil empregos temporários, e de 2019, com 24,7 mil vagas temporárias.
Apesar da superação da covid-19, para o Carnaval deste ano, “o principal obstáculo ao restabelecimento das receitas ao nível pré-pandemia deriva das condições econômicas menos favoráveis, tais como significativos reajustes de preços, juros e comprometimento da renda mais elevados”, diz a CNC.
Conforme o relatório do estudo, a inflação dos serviços associados ao turismo foi maior do que a média. Conforme os dados do IPCA, o índice oficial de preços calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o preço das passagens aéreas saltou 23,53%. A hospedagem ficou 18,21% mais cara, enquanto o aumento médio dos pacotes turísticos ficou em 17,16%. No agregado, o IPCA subiu 5,79% no ano passado.
Outra restrição à demanda pelo turismo é a elevação generalizada dos juros, na esteira do aperto monetário levado a cabo pelo Banco Central (BC). O relatório da CNC lembra que, frequentemente, as viagens a lazer são pagas com crédito, em parcelas.
“A taxa média de juros dos empréstimos e financiamentos livremente obtidos por pessoas físicas atingiu 59,0% ao ano – maior patamar desde agosto de 2017 (62,3% a.a.). Esse fenômeno, aliado ao grau de endividamento historicamente elevado dos consumidores nos últimos meses, certamente se configura como um empecilho à expansão de gastos com lazer”, diz o relatório da CNC.