BARES E RESTAURANTES DO RN TÊM QUEDA DE 4% EM SETEMBRO

Bares e restaurantes do Rio Grande do Norte registraram queda nas vendas em setembro em comparação com agosto deste ano, com retração semelhante ao registrado no Brasil, de cerca de 4%. Os dados são da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) a partir do Índice Abrasel-Stone. O resultado reflete um momento de oscilações no segmento, mas com potencial de recuperação nos próximos meses.


Na avaliação de Paolo Passariello, presidente da Abrasel no RN, a queda em setembro pode estar relacionada ao período eleitoral. “Acho que, por experiência, a campanha eleitoral influencia bastante sobre o faturamento de bares e restaurantes. Vejo isso com colegas: quando têm campanha as pessoas estão mais ocupadas com outras coisas. Sempre percebi isso”, cita.


Ainda segundo Paolo, no acumulado do ano cerca de 40% dos restaurantes no RN ainda estão fechando os faturamentos mensais “no vermelho” em virtude de empréstimos contraídos no período da pandemia de covid-19. “Temos ainda uma fatia de 30 a 40% de estabelecimentos que fecham no vermelho. São empréstimos contraídos na pandemia que ainda estamos pagando”, acrescenta.


Ainda segundo o presidente Paolo Passariello, o setor mantém expectativas positivas para o fim do ano no Estado, com incremento de 13º salário, férias, entre outras questões.


“São perspectivas boas porque estamos começando a alta temporada. Em outubro sempre esperamos movimentos maiores nesses próximos meses. A alta temporada aumenta a mão de obra e o faturamento. Nosso problema contínuo são os insumos caros que não conseguimos repassar para o cliente. Carne subiu muito nos últimos meses. Previsão é de aumentar mais ainda.

Não tem como repassar todo esse aumento para o cardápio. É muito difícil repassar um aumento de 20% de carne em cima de um cardápio”, explica.


O gerente de um restaurante na zona Leste de Natal, Wandemberg Oliveira, aponta que o mês de setembro foi bom no faturamento do seu restaurante em virtude de estratégias específicas adotadas e aponta perspectivas positivas para o fim do ano.


“Não foi o esperado, mas em relação a 2023 foi melhor. Modificamos algumas questões, como questões de preços, mantendo algumas coisas. Torcemos para que o turismo do Estado melhore pois dependemos disso. Dependemos da infraestrutura da cidade, como praias melhores”, avalia.


Segundo dados da Abrasel, entre os 24 estados analisados, Roraima foi o único a registrar crescimento, com uma leve alta de 0,8% nas vendas. Já os estados do Maranhão e Piauí tiveram as quedas mais acentuadas, de 6,7% e 6,5%, respectivamente. A retração também foi significativa nas regiões Sul e Sudeste, com destaque para o Rio Grande do Sul (5,3%) e São Paulo (3,9%).


Na comparação anual, o cenário é parecido, com queda nacional de 4,5%. No recorte estadual apenas Alagoas, Tocantins, Rio Grande do Sul e Roraima registraram bom desempenho, com destaque para o estado alagoano, que apresentou um aumento significativo de 7,9%.


Por outro lado, Maranhão e Piauí apresentaram os piores resultados de -8,5% e -7,2%, respectivamente. Apesar das quedas registradas em setembro, o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, tem boas expectativas para o fim do ano. “Embora tenhamos enfrentado uma retração, as projeções para os próximos meses são positivas.


O pagamento do 13º salário, além das festas e férias de fim de ano, deve impulsionar o consumo. Estamos confiantes em uma recuperação gradativa, especialmente a partir de novembro, quando esses fatores começam a impactar as vendas de forma mais significativa”, afirma.


“A economia brasileira vem apresentando bons números macroeconômicos, com taxa de desemprego em níveis historicamente baixos e relevante alta da massa salarial”, comenta Matheus Calvelli, pesquisador e cientista de dados responsável pelo levantamento.


“Isto, contudo, é contrastado por uma taxa de inadimplência ainda razoavelmente elevada e que tem se mostrado mais resiliente nos últimos meses, o que potencialmente explica a retração do consumo registrado”, completa.

Críticas
A Abrasel promoveu críticas em relação a decisão do Governo Federal de não retomar o horário de verão em 2024. Para a associação, a decisão desconsidera os importantes benefícios econômicos, sociais e ambientais que a medida traria para o país, especialmente no atual cenário, onde há tarifas elevadas de energia e pressão sobre o sistema elétrico.


“A Abrasel no RN manifesta sua profunda insatisfação com a decisão do governo de manter o horário de verão suspenso em 2024. Para o setor de turismo, especialmente em destinos como Natal, essa medida representa um retrocesso significativo. A perda de uma hora de luz solar impacta diretamente na oferta de serviços turísticos, reduzindo o tempo disponível para atividades como passeios, esportes aquáticos e gastronomia, o que consequentemente gera uma perda de receita para os negócios locais.” relatou Paolo Passariello, presidente da Abrasel no RN.