SEDENTARISMO TECNOLÓGICO: QUANDO A TELA SUBSTITUI O MOVIMENTO

Foto: Alex Régis/Divulgação

O misto de facilidades e entretenimento que a tecnologia moderna trouxe ao cotidiano também é capaz de gerar um contraponto negativo: quanto mais tempo em frente às telas e dispositivos, menos tempo para atividades físicas. O aumento do sedentarismo atrelado ao consumo tecnológico é uma realidade – e se faz ainda mais preocupante em território nacional: segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais sedentário da América Latina, e o quinto do mundo. Já o IBGE afirma que cerca de 47% dos brasileiros são sedentários.

O excesso do uso da tecnologia combinado com um estilo de vida sedentário produz um cenário ideal para futuros problemas de saúde. Para o educador físico Thiago Renee Felipe, doutor em educação e biotecnologia, os riscos são potenciais e, na medida em que as pessoas são expostas ao tempo sedentário, esses problemas podem aumentar. Quanto mais tempo de tela, mais urgente discutir os impactos no corpo e na mente.

Entre os problemas físicos citados por Thiago estão a sarcopenia (perda de massa muscular), aumento da gordura corporal, glicose alterada, pré diabetes, hipertensão, dores musculares, entre outras doenças clássicas atuais. A saúde mental também é abalada, podendo gerar ansiedade, falta de concentração para determinadas tarefas, prejuízo da função executiva relacionada ao trabalho e tomada de decisão, maior nível de estresse e perda de sono.

O tempo excessivo dedicado a smartphones, computadores e televisores, segundo o educador físico, é caracterizado por determinados comportamentos. “Passar muito tempo nas redes sociais ou pensar que serão apenas 15 minutos no smartphone são coisas que produzem a endorfina barata, que leva a pessoa a mais comportamentos sedentários, e com o tempo isso tende a aumentar no dia a dia”, explica.

O home office, alternativa de trabalho que foi adotada por muita gente desde a pandemia, também tem a sua contribuição num cenário de aumento sedentário. O tempo em frente ao computador foi ampliado e os deslocamentos reduzidos. No entanto, o educador acredita que muitas pessoas conseguiram adaptar e conciliar isso com uma rotina de treino, tal qual já fizeram com seus trabalhos presenciais.

“Não podemos afirmar que todas as pessoas que adotaram o home office se prejudicaram em termos de comportamento sedentário. Acredito até que isso deve ter facilitado as coisas para muita gente, pois por estar trabalhando em casa, é possível gerenciar melhor o seu tempo”, diz. Ele afirma que isso vai ser uma questão individual, porque muitos já entenderam a dinâmica contemporânea, e um tempo para o treino faz parte dela.

Há faixas etárias mais vulneráveis aos efeitos do sedentarismo provocado pelo uso de tecnologia, segundo Thiago. “Quanto menos idade, menor maturidade para entender que existem situações do nosso dia-a-dia que são prazerosas, bem melhores que rolar a tela do celular. As crianças e adolescentes talvez sejam as maiores prejudicadas nesse processo”, diz.

Exposição em excesso às redes e telas, segundo o profissional, pode gerar um prejuízo cognitivo mental, social e de saúde física. Ele também ressalta que esse “fascínio” tecnológico que seduz mais facilmente as crianças, também atinge os adultos com a mesma percepção. “Por isso sugiro que todos façam um mergulho interior baseado no autoconhecimento, pra que você possa tomar decisões que sejam realmente factíveis a um bom senso e principalmente ao contexto de saúde”, declara.

Fonte: Portal Tribuna do Norte