RN REGISTRA 69 CASOS DE HEPATITES VIRAIS EM 2025

Maioria dos casos confirmados entre janeiro e abril deste ano foi de hepatite C – Foto: Rodrigo Nunes/MS

A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) divulgou, nesta segunda-feira (7), o Boletim Epidemiológico das Hepatites Virais de 2025, que aponta a notificação de 69 novos casos de hepatites A, B e C no Rio Grande do Norte entre janeiro e abril deste ano. O número representa uma redução de 24,1% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram registrados 91 casos. No final de 2024, o Rio Grande do Norte registrou 260 casos da doença.

Os dados foram extraídos dos sistemas de informação do Ministério da Saúde (SINAN e SIM) e contemplam a distribuição de casos por tipo de hepatite, região de saúde, faixa etária, sexo, além de dados sobre mortalidade e possíveis formas de transmissão.

Entre os 69 casos identificados em 2025, a hepatite A teve dois casos confirmados; hepatite B, 26 casos; e hepatite C, 41. A hepatite C respondeu por 59,4% das notificações no período, seguida pela hepatite B (37,6%) e hepatite A (2,8%).

A 7ª Região de Saúde, que compreende Natal, Parnamirim, Macaíba, Extremoz e São Gonçalo do Amarante, foi a que mais notificou casos. Só a capital potiguar concentrou um caso de hepatite A; 25 de hepatite B; e 67 de hepatite C. Ao todo, a 7ª região somou 23 casos de hepatite A, 43 de hepatite B e 88 de hepatite C em 2024, sendo também a principal área de incidência no ano anterior.

Outros municípios com destaque na detecção da hepatite C foram Mossoró (2ª região), Caicó e Currais Novos (4ª região) e Pau dos Ferros (6ª região).

Perfil dos infectados
Segundo o boletim da Sesap, a faixa etária mais afetada pelas hepatites virais varia conforme o tipo de infecção. No caso da hepatite A, historicamente predominante em crianças de 5 a 12 anos, foi observado, em 2024, um aumento de casos na faixa etária entre 30 e 49 anos. Já nos primeiros quatro meses de 2025, foram registrados apenas dois casos da doença.

A hepatite B concentrou-se principalmente em adultos entre 30 e 49 anos, que representaram 45,8% dos registros. Chama atenção o crescimento expressivo de casos entre idosos com 60 anos ou mais, especialmente entre homens. Entre as mulheres, apesar da redução no número de casos, também houve aumento nessa faixa etária.

A hepatite C apresentou maior incidência entre pessoas com 60 anos ou mais, que responderam por 45,3% dos casos. Também foi identificado um crescimento entre jovens de 13 a 19 anos, em ambos os sexos.

Quanto ao perfil por sexo, os dados acumulados de 2014 a 2024 mostram que 52,6% dos casos de hepatite A foram registrados em mulheres. A hepatite B teve ligeira predominância no sexo feminino (53,3%), embora os dados recentes indiquem crescimento entre homens idosos. A hepatite C apresentou maior concentração de casos no sexo masculino, com 63,3% das notificações.

Formas prováveis de transmissão
O boletim aponta que, para todos os tipos de hepatite, há um elevado percentual de notificações com a forma de exposição ignorada ou não informada, o que compromete a análise epidemiológica. Ainda assim, é possível identificar algumas tendências.

Na hepatite A, 43,3% dos casos estavam associados ao consumo de água ou alimentos contaminados. Já a hepatite B teve como principal via de infecção a transmissão sexual, com 16,9% dos casos, seguida de percentuais menores atribuídos a transfusões de sangue e tratamentos dentários. Para a hepatite C, as principais formas identificadas foram transfusionais (8,3%), sexuais (7,8%) e uso de drogas (4,7%). Contudo, 64,9% das notificações não especificaram o mecanismo de transmissão.

Taxas de incidência
Em 2024, a taxa de incidência por 100 mil habitantes no Rio Grande do Norte foi de 0,8 para hepatite A, 2,5 para hepatite B e 4,2 para hepatite C. Esses dados indicam que, embora a hepatite A tenha apresentado uma queda significativa ao longo da última década, a hepatite C permanece como a mais incidente no estado. A taxa de detecção da hepatite C no RN é superior à média do Nordeste (2,6), mas inferior à nacional, que foi de 7,6 por 100 mil habitantes.

Mortalidade
Entre janeiro e abril de 2025, foram registrados três óbitos causados por hepatites virais no estado, número igual ao do primeiro quadrimestre de 2024. No acumulado entre 2014 e 2024, o Rio Grande do Norte notificou 180 óbitos relacionados às hepatites, sendo a maioria (54,4%) por hepatite C. A hepatite B respondeu por 16,1% das mortes, e a hepatite A, por 5%. Em 24,4% dos óbitos, o agente etiológico não foi especificado.

A análise do perfil das vítimas revela que 61,7% tinham 60 anos ou mais, e que 62,8% dos óbitos ocorreram entre homens. A 7ª região de saúde, que inclui Natal, concentrou mais da metade das mortes no período.

98 FM