POPULAÇÃO DE JUMENTOS NO BRASIL CAI 94% EM MEIO A DEMANDA CHINESA POR COLÁGENO E PODE SER EXTINTA ATÉ 2030; ARTISTA FAZ PROTESTO PEDINDO FIM DO ABATE DO ANIMAL

Um vídeo do protesto de um artista, pedindo o fim do abate de milhares jumentos exportados para a China, chamou a atenção para a matança dos animais no nordeste do Brasil, que já correm risco de extinção.

A busca pelo colágeno extraído da pele dos jumentos, matéria-prima do ejiao — um produto da medicina tradicional chinesa —, vem provocando uma redução drástica da população desses animais em diversos países.

No Brasil, os efeitos desse mercado são alarmantes: mais de 1 milhão foram abatidos entre 1996 e 2025, o que levou a uma queda de 94% da população da espécie no país, segundo dados da Frente Nacional de Defesa dos Jumentos.

O artista David Ferreira, de 29 anos, morador de Crato, no Ceará, contou em entrevista  que o protesto em forma de pintura, ao som de Luiz Gonzaga, foi sério e demorado, mas está surtindo efeito.

De acordo com as estimativas, o número de jumentos no Brasil caiu de 1,37 milhão para cerca de 78 mil. “Se o ritmo atual continuar, a espécie não chega a 2030 em território nacional”, alerta o professor Pierre Barnabé Escodro, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que integra uma rede de pesquisadores mobilizados contra o abate desses animais.

O artista David Ferreira, de 29 anos, morador de Crato, no Ceará, contou em entrevista  que o protesto em forma de pintura, ao som de Luiz Gonzaga, foi sério e demorado, mas está surtindo efeito.

Abate sem rastreabilidade

Atualmente, três frigoríficos têm autorização do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para abater jumentos no Brasil, todos localizados na Bahia. Embora o abate seja regulamentado, pesquisadores e defensores da causa alegam que não há rastreabilidade na cadeia produtiva, nem controle efetivo sobre maus-tratos e sanidade animal.

“É uma atividade puramente extrativista. Produzir jumentos para abate não é economicamente viável. O que há é um esgotamento contínuo de um recurso que não se regenera na mesma velocidade com que é explorado”, afirma Escodro.

Um artigo publicado em maio na revista científica Animals por Escodro e outros cinco pesquisadores revelou que 104 jumentos abandonados, destinados ao abate, apresentavam sinais de inflamação sistêmica — um indicativo de negligência e sofrimento animal.

A atividade já foi temporariamente suspensa pela Justiça em outras ocasiões, com base em ações de organizações que denunciam maus-tratos e o risco de extinção.

Com informações do Só Notícia Boa e O Globo/Video: @meninoquesepinta