Caicó, no Seridó do Rio Grande do Norte, registrou 38,8 °C no domingo 28 e apareceu como a segunda cidade mais quente do Brasil durante a onda de calor que atinge o país. O dado foi divulgado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que mantém até as 18h desta terça-feira 30 um alerta de “grande perigo” para o fenômeno.
O alerta está em vigor para áreas de Mato Grosso do Sul, São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo e indica a possibilidade de temperaturas 5 °C acima da média de dezembro por cinco dias ou mais. A onda de calor começou em 22 de dezembro e foi intensificada neste fim de mês.
Segundo o Inmet, o que chama atenção neste episódio é a continuidade das temperaturas elevadas. Diferentemente de picos isolados, a atual configuração atmosférica favorece dias sucessivos de calor intenso, inclusive durante a noite e a madrugada, o que dificulta a recuperação do corpo humano e aumenta o desconforto térmico.
De acordo com dados consolidados no domingo 28, das 10 cidades mais quentes do país, quatro estão em áreas sob alerta de “grande perigo” no Sudeste. As outras seis ficam no sertão do Nordeste, região que costuma registrar temperaturas elevadas nesta época do ano. Caicó aparece na lista ao lado de municípios como Três Rios (RJ), Alegre (ES) e Pão de Açúcar (AL).
As maiores temperaturas registradas no domingo foram: Três Rios (RJ), com 39,1 °C; Caicó (RN), com 38,8 °C; Alegre (ES), Coronel Pacheco (MG) e Pão de Açúcar (AL), com 38,5 °C; Cambuci (RJ), com 38,4 °C; Ibimirim (PE), com 38,3 °C; e Ibotirama (BA), Morada Nova (CE) e Salgueiro (PE), com 38,2 °C.
Três Rios, no Rio de Janeiro, tem cerca de 80 mil habitantes e fica em uma área de vale, o que dificulta a circulação de ventos. Já Caicó está localizada no semiárido potiguar, distante do litoral, com alta incidência solar e baixos índices de chuva.
O Inmet também divulgou uma lista parcial das maiores temperaturas registradas até a tarde desta segunda-feira (29). Pão de Açúcar (AL) e Três Rios (RJ) marcaram 39,2 °C, seguidas por Barra (BA), com 38,9 °C, e Coronel Pacheco (MG), com 38,7 °C.
A explicação para a onda de calor está na atuação de uma massa de ar quente e seco sobre o Centro-Sul do país, reforçada pela Alta Subtropical do Atlântico Sul, que atua como um bloqueio atmosférico. Esse sistema dificulta o avanço de frentes frias e de áreas de chuva mais organizadas, mantendo o ar quente por vários dias.
Com menos nuvens, o solo recebe mais radiação solar durante o dia e perde menos calor à noite, resultando em tardes muito quentes e madrugadas abafadas. As chuvas, quando ocorrem, tendem a ser isoladas e de curta duração.
Meteorologistas consideram que uma onda de calor ocorre quando as temperaturas ficam pelo menos 5 °C acima da média por um período mínimo de cinco dias consecutivos. O Inmet utiliza critério semelhante, levando em conta a elevação em relação à média mensal. No episódio atual, as temperaturas permanecem acima do padrão climatológico de dezembro em várias regiões.
As autoridades recomendam reforçar a hidratação, evitar exposição prolongada ao sol nos horários mais quentes do dia e buscar ambientes ventilados. Em caso de sintomas mais intensos, a orientação é procurar atendimento médico ou acionar a Defesa Civil.