
O presidente da Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA), Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, foi detido em flagrante na madrugada desta terça-feira (4 de novembro de 2025) por ordem da CPMI do INSS, mas foi liberado horas depois após pagar fiança.
A ordem de prisão foi determinada pelo presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-MG), sob a acusação de falso testemunho durante a sessão que discutia supostas fraudes cometidas por entidades que descontam mensalidades diretamente de benefícios previdenciários.
Motivação: Múltiplas Contradições e Omissões
A prisão foi decretada ao final da sessão, iniciada na segunda-feira (3), quando o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), formalizou o pedido de prisão em flagrante. O senador Carlos Viana justificou a decisão pelo “crime impróprio de falso testemunho”, conforme previsto na Lei nº 1.579/52, que rege as Comissões Parlamentares de Inquérito.
As acusações de que Abraão Lincoln estava mentindo ou omitindo informações-chave à comissão incluíram:
- Relação Ocultada: O depoente foi questionado sobre seu vínculo com Gabriel Negreiros, tesoureiro da CBPA. Inicialmente, Lincoln alegou que a relação era apenas institucional.
- Exposição da Prova: O deputado Duarte Jr. (PSB-MA) rebateu a versão, expondo que Negreiros é, na verdade, padrinho de um dos netos de Abraão Lincoln, configurando uma relação de compadrio. O parlamentar ironizou a negativa inicial perguntando: “Ele ser padrinho do seu neto é relação institucional?”.
- Movimentação Financeira: Além do vínculo pessoal, o deputado citou que foram registrados depósitos que somariam R$ 5 milhões em uma conta ligada a Negreiros, reforçando a suspeita de que Lincoln minimizou intencionalmente o relacionamento.
- Admissão Tardia: Pressionado pelas evidências, Abraão Lincoln recuou e pediu perdão por ter se “confundido na resposta” por “ignorância”, admitindo a relação de compadrio.
- Outras Omissões: O relator Alfredo Gaspar ainda apontou que o presidente da CBPA teria mentido em pelo menos outros quatro momentos cruciais de seu depoimento.
Apesar da prisão determinada pela CPMI, Abraão Lincoln foi liberado poucas horas depois, após o pagamento da fiança estabelecida. Nos bastidores, a soltura rápida gerou desconforto entre membros do colegiado, que expressaram preocupação de que isso possa enfraquecer o poder de investigação da comissão.
*Com informações de Tribuna do Norte