
A crise na Casa de Cultura Popular de Nova Cruz voltou ao centro do debate público nesta quarta-feira (18), após a confirmação de que o espaço será interditado a qualquer momento. A Fundação José Augusto recomendou a interdição do prédio por apresentar risco estrutural, e os grupos culturais que atuavam no local foram informados de que não poderão mais utilizá-lo.
A Fundação, no entanto, deixou claro que não tem responsabilidade direta pela situação. O prédio pertence ao município, e cabe à Prefeitura de Nova Cruz — que tem conhecimento da precariedade desde 2021, ainda na gestão do ex-prefeito Flávio de Beroi — realizar a manutenção, reforma ou, no mínimo, regularizar a cessão para que o Estado possa agir. Até o momento, nenhuma dessas ações foi feita.
A estrutura, que abriga a Casa de Cultura, funciona na antiga estação ferroviária da cidade — um dos bens históricos mais representativos de Nova Cruz. Apesar de seu valor simbólico e cultural, o imóvel segue abandonado há anos, sem reforma e sem medidas legais que permitam intervenção por parte da Fundação José Augusto, que está impedida de agir por falta de cessão ou transferência de dominialidade.
Na manhã desta quarta-feira, o vereador Giliard Faustino, acompanhado do deputado estadual Kleber Rodrigues, esteve na sede da FJA, em Natal, para buscar esclarecimentos e cobrar providências. A reunião ocorreu com o diretor Gilson Matias, o chefe de gabinete Donizete Santiago e o coordenador das Casas de Cultura, José Messias Domingos.

Durante o encontro, foi informado que existe um projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal que trataria da regularização do imóvel, mas que não foi sancionado pelo Executivo, o que mantém a situação jurídica indefinida e bloqueia qualquer ação do Estado.
Após a visita, o vereador divulgou as informações em suas redes sociais, o que motivou uma forte reação da comunidade artística local. Nas horas seguintes, começaram a surgir relatos emocionados de artistas, produtores e educadores que utilizavam o espaço. Muitos denunciaram o sentimento de abandono e expulsão simbólica de um importante espaço público de cultura e formação social.
A repercussão crescente reforça a cobrança por parte da população e escancara a falta de compromisso da Prefeitura de Nova Cruz com o patrimônio histórico e com os fazedores de cultura. A Casa de Cultura, que por décadas foi palco de resistência, criação e inclusão, agora corre o risco de fechar as portas — não por falta de artistas, mas por falta de gestão.
