O Rio Grande do Norte terminou o ano de 2022 com US$ 736 milhões em exportações, um aumento de 43,1% em relação a 2021, quando o Estado exportou US$ 514,9 milhões. O RN teve 0,2% de participação nas exportações do Brasil no ano passado. Os dados são do sistema Comex Stat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, acessados pela TRIBUNA DO NORTE.De acordo com os dados, os produtos mais exportados pelo Rio Grande do Norte foram óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos, que representaram 46% e US$ 336 milhões, seguido de frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas (22% e US$ 163 milhões), e minerais brutos (6,3% US$ 46,7 milhões) e tecidos de algodão e telas (4,4% e US$ 32,1 milhões). O Estado também exportou pescados inteiros vivos, mortos ou refrigerados (3% US$ 22,1 milhões).
No tocante aos destinos das exportações, em 2022 foram destaques países como Estados Unidos, Holanda, Reino Unido, Espanha e Colômbia. Já com relação às importações, os produtos do RN em 2022 vieram da China, Argentina, Estados Unidos, Índia e Espanha.
“O principal fator desse crescimento foram as exportações de diesel marinho (fuel oil), com crescimento de 80,7% em relação ao ano anterior e representou 44,8,% do total exportado, no valor de USD 330 milhões. Se esse item for desconsiderado, o crescimento ainda foi de 22,4%, atingindo USD 342,7 milhões”, avalia Luiz Henrique Moreira Guedes, responsável técnico pelo Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern). Ainda segundo o analista, o aumento das exportações de diesel marinho fazem marte de um movimento nacional, “presente em todos os estados e refinarias”.
“Isso totalizou USD 10,3 bilhões em 2022, um aumento de 88% em valor e cerca de 26% em volume em relação a 2021. Ou seja, o valor das exportações desse produto pelo RN representa apenas 3,2% desse total. Com a transferência da posse da Refinaria Clara Camarão para os novos proprietários no início deste ano, não há como sabermos ainda se essas exportações permanecerão nem em quais patamares. Outubro foi o último mês em que se registrou exportação desse produto pelo RN”, aponta.
Importações
Com relação às importações, o Estado teve US$ 435 milhões em produtos, variação de 30,5% com relação a 2021, quando o RN importou US$ 333,7 milhões.
Entre os produtos importados, destaca-se no RN itens como válvulas e tubos termiônicas, de catodo frio ou foto-catodo (24% e US$ 103 milhões), trigo e centeio, não moídos (20% US$ 89,2 milhões) e geradores elétricos e suas partes (18% US$ 79,7 milhões).
“As importações de trigo, tradicionalmente o produto individual com maior valor importado pelo Estado, cresceram 53,5% em valor, atingindo USD 89 milhões. Por outro lado, as importações de equipamentos de geração de energia solar fotovoltaica cresceram 83,5%, no valor de USD 103 milhões e as de equipamentos de geração eólica tiveram uma pequena redução de 13%, com USD 39 milhões. Somando as importações de partes, peças ou componentes, as importações dirigidas ao setor de energias renováveis cresceram 79,4%, atingindo cerca de USD 290 milhões”, aponta Luiz Henrique Guedes.
“É sabido também que boa parte dos equipamentos eólicos são produzidos em outros estados ou mesmo importados e nacionalizados em outras unidades da federação e portanto os números da nossa pauta não refletem o total de investimentos no setor”, acrescenta.
Superávit da balança
O Rio Grande do Norte terminou o ano de 2022 com um superávit de US$ 301,2 milhões (R$ 1,570 bilhão na cotação atual), um aumento de 66% em relação a 2021, quando o Estado teve um saldo de US$ 181,2 milhões.
Na avaliação do responsável técnico do Centro Internacional de Negócios da Fiern, Luiz Henrique Guedes, apesar do saldo positivo, esse não é um fator “necessariamente relevante para o RN”. “Não consideramos o saldo como um fator de análise necessariamente relevante para o RN, uma vez que somos grandes importadores de bens de capital e insumos industriais e agrícolas diversos, que dinamizam e aumentam nossa capacidade de produção. Se isso significar saldos negativos em alguns momentos, não é uma coisa negativa para o Estado. Nossas exportações e importações representaram apenas 0,2% do total nacional no ano passado e portanto nosso papel e responsabilidade em relação ao superávit ou déficit comercial do Brasil é mínimo”, analisa.
Ele destaca a corrente de comércio, soma das exportações e importações, como o maior indicador de dinamismo econômico das relações comerciais internacionais do Estado. “Ela cresceu 38,3%, atingindo USD 1.2 bilhão em 2022. Ou seja, quanto mais exportarmos e importarmos, melhor”, analisa Luiz Henrique Moreira Guedes.
Participação da futricultura nas exportações cai 31,25%
A participação do setor de fruta nas exportações potiguares do Rio Grande do Norte, em 2022, teve queda de 31,25%. Apesar da retração, o segmento segue sendo o segundo colocado entre produtos mais exportados pelo Estado para outros países, com 22% de participação. Em 2021, esse percentual era de 32%. Em números absolutos, as frutas exportadas do RN representaram US$ 163 milhões, variação de 1,72% quando comparado com 2021 (US$ 166 milhões).
Na avaliação do sócio da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcellos, que também é diretor institucional da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), a queda era esperada.
“Alguns fatores contribuíram para isso: o câmbio está mais favorável, estamos vendendo o euro mais barato do que no passado. A gente vende em euro para a Europa e com ele menor, significa menos valor para nossa fruta, isso acaba tirando estímulo e competitividade para exportação. Tivemos aumento nos custos, com diesel, energia, mão de obra, adubos. O clima também foi outro fator, tivemos mais chuvas no 1º semestre com chuvas além do normal, isso atrapalhou o final da safra. Tivemos ainda problemas no consumo da europa, com aumento no custo da energia lá, guerra na Ucrânia e isso acabou tendo uma retração no consumo. O último fator é a logística: o preço quase triplicou em quase dois anos e ainda estamos com problema de regularidade dos serviços marítimos, está mais caro e pior. Isso faz com que a gente acabe não conseguindo embarcar o que estava programado”, explica.
Para 2023, as perspectivas são mais animadoras para o setor de frutas, segundo o produtor Luiz Roberto Barcellos. “Esperamos que melhore, o câmbio está voltando a subir, o preço do frete começou a cair, voltando ao normal, esperamos crescer e ter um volume de pelo menos 5 a 10% maior. Vai depender muito de como vai ser o consumo na Europa a partir do segundo semestre deste ano que é quando começa o forte da exportação”, concluiu.
BALANÇA
Período: Janeiro a dezembro de 2022
Exportações
2021: US$ 514,9 milhões
2022: US$ 736,8 milhões
43,1% de crescimento
Importações
2021: US$ 333,7 milhões
2022: US$ 435,6 milhões
30,5% de crescimento
Corrente de comércio
2021: US$ 848,6 milhões
2022: US$ 1.172,4 bilhão
38,2% de crescimento
Saldo
2021: US$ 181,2 milhões
2022: US$ 301,2 milhões
66% de crescimento
> Principais produtos exportados pelo RN em 2022
Óleos combustíveis de petróleo: 46% de participação = US$ 336 milhões; aumento de 83,2%
Frutas e nozes não oleaginosas, frescas ou secas: 22% de participação = US$ 163 milhões; queda de 1,72%
Outros minerais brutos: 6,3% de participação = US$ 46,7 milhões; aumento de 241%
> Principais produtos importados pelo RN em 2022
Válvulas e tubos termiônicas, de cátodo frio ou foto-catódo, diodos transistores: 24% de participação = US$ 103 milhões; aumento de 83,1%
Trigo e centeio, não moídos: 20% de participação = US$ 89,2 milhões; aumento de 53,5%
Geradores elétricos giratórios e suas partes: 18% de participação = US$ 79,7 milhões; aumento de 73%