
O pastor Martim Alves, presidente da Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte, criticou com veemência o chamado “reteté” — manifestações corporais intensas durante os cultos, como danças, pulos e giros — e afirmou que esse tipo de prática não tem espaço nos templos da igreja que comanda.
“Aqui não tem lugar para dança, aqui não tem lugar para pinotes, saltos, nada disso”, declarou o pastor na última quinta-feira 19, durante discurso na Conferência de Fé (Confé), evento realizado em Assú.
Martim Alves declarou que o reteté surgiu na década de 1970 e representa um comportamento incompatível com os princípios da Assembleia de Deus. “Nós somos pentecostais! Aleluia! Quem quiser fazer aviãozinho, quem quiser fazer outra forma aí de se manifestar nas suas emoções, faça dentro de casa, no seu quarto. Mas aqui no Santuário de Deus, não”, afirmou.
A prática, comum em alguns grupos evangélicos, é vista por parte da comunidade como expressão espontânea da espiritualidade. No entanto, Martim Alves rejeita essa interpretação. “Já estive até numa igreja aí, irmãos, e fiquei observando um crente lá no meio da igreja, um jovem, fazendo polichinelo. Vocês sabem o que é isso? Polichinelo. Dizendo que isso é espiritualidade. É nada, irmãos. Isso é querer se mostrar.”
De acordo com o pastor, manifestações desse tipo distorcem o culto e desviam a atenção do verdadeiro foco da fé cristã. “Eu digo para vocês: aqui não tem grande, não. O grande aqui é Jesus Cristo, nosso Senhor. Ele sobrepunha todas as coisas. Aleluia!”, disse, ao defender que os cultos devem seguir “com decência e ordem”, como prega o apóstolo Paulo.
O que é o reteté
O reteté, termo popularizado entre igrejas neopentecostais e grupos mais emocionalmente expressivos dentro do meio evangélico, é visto por parte da comunidade como uma forma espontânea de manifestação espiritual. No entanto, há forte resistência de setores mais tradicionais do pentecostalismo clássico, como a Assembleia de Deus, que defendem a liturgia e a moderação como marcas distintivas da fé.