MAIS DE 6,7 MILHÕES DE ACIDENTES DE TRABALHO REGISTRADOS NO BRASIL; EM 2023 RN TEVE 10 MIL

Entre os anos de 2012 e 2022, o Brasil registrou mais de 6,7 milhões de acidentes de trabalho, além de 25,5 mil mortes entre trabalhadores com carteira assinada, de acordo com dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Em 2023, os números continuaram alarmantes: o novo sistema eSocial do Ministério do Trabalho e […]

Entre os anos de 2012 e 2022, o Brasil registrou mais de 6,7 milhões de acidentes de trabalho, além de 25,5 mil mortes entre trabalhadores com carteira assinada, de acordo com dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. Em 2023, os números continuaram alarmantes: o novo sistema eSocial do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) revelou 499.955 acidentes de trabalho no país, sendo 2.888 fatais. Somente no Rio Grande do Norte (RN), foram mais de 10 mil notificações de acidentes no mesmo ano.

Especialistas debatem soluções para reduzir acidentes em evento nacional

Em resposta a esses números preocupantes, especialistas de diversas partes do Brasil se reunirão em Natal nos dias 28 e 29 deste mês para o II CONESSO – Congresso Norte-Nordeste de Segurança e Saúde Ocupacional. O evento tem como tema “A segurança do trabalho e suas ferramentas no combate aos acidentes” e será realizado no Hotel Praia Mar, em Ponta Negra. O objetivo é discutir formas de diminuir os acidentes e as fatalidades no ambiente da profissão.

De acordo com Benvenuto Gonçalves, presidente da Associação Lusófona de Engenharia, Segurança do Trabalho e Saúde Ambiental, o congresso busca questionar e debater as práticas atuais de segurança no trabalho, trazendo novas perspectivas para o setor. A programação inclui painéis temáticos sobre fatores humanos na segurança do trabalho, o impacto dos equipamentos de proteção individual (EPI) na saúde mental e minicursos especializados.

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O impacto econômico e social dos acidentes de trabalho

Os dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho mostram a gravidade da situação: a cada menos de quatro horas, um trabalhador morre no Brasil devido a acidentes de trabalho. Além disso, entre 2012 e 2022, ocorreram 2,3 milhões de afastamentos pelo INSS causados por acidentes ou doenças ocupacionais. O custo dos benefícios previdenciários relacionados a esses acidentes já ultrapassou R$ 136 bilhões, incluindo auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e auxílios-acidente.

Outro dado relevante vem do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), que registrou 2,5 milhões de ocorrências graves, como acidentes envolvendo exposição a materiais biológicos, animais peçonhentos e doenças relacionadas ao trabalho, como câncer e transtornos mentais.

Operação de máquinas e equipamentos lidera causas de acidentes fatais

Um dos maiores vilões no cenário dos acidentes de trabalho é a operação de máquinas e equipamentos, responsável por 15% dos incidentes. Esses acidentes causaram amputações e lesões graves com uma frequência 15 vezes maior do que outras causas, além de estarem diretamente ligados a três vezes mais fatalidades em comparação à média geral.

Para Raimundo Cícero Araújo Montenegro, presidente da Associação dos Engenheiros de Segurança do Trabalho do RN, esses números são resultado de uma combinação de fatores e requerem uma abordagem integrada de prevenção. Ele destaca que empresas precisam adotar uma gestão eficaz de segurança, promovendo uma cultura de prevenção e assegurando que os trabalhadores estejam capacitados para identificar e relatar riscos.

Profissões mais perigosas no RN

O boletim de Acidentes de Trabalho da Secretaria Estadual de Saúde Pública (SESAP) do RN mostra que, em 2023, os profissionais mais afetados por acidentes graves no estado foram os pedreiros (778), trabalhadores volantes da agricultura (555) e técnicos de enfermagem (495). Ao todo, foram 10.216 acidentes registrados no RN, sendo 8.437 envolvendo homens, com maior concentração na faixa etária de 20 a 39 anos. Os municípios com mais ocorrências foram Natal (4.562), Mossoró (1.903) e Caicó (854).

Montenegro enfatiza que a primeira medida para reduzir acidentes é a informação, comunicar os perigos para que se possam avaliar e controlar os riscos.