NO RN, SEGURANÇA HÍDRICA E LOGÍSTICA IMPULSIONAM EXPANSÃO INÉDITA DO AGRO

O Rio Grande do Norte vive, segundo o secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca, Guilherme Saldanha, um dos ciclos mais robustos de expansão do agronegócio em sua história recente. Há oito anos, as exportações de frutas do Estado crescem acima de dois dígitos, e a projeção para 2025 é que o setor ultrapasse a marca de US$ 350 milhões em vendas internacionais – um salto que coloca o RN entre os protagonistas do agronegócio frutícola do País.

O bom desempenho é puxado pelos chamados 4Ms: melão, melancia, mamão e manga. Somados, eles devem ocupar entre 50 mil e 60 mil hectares plantados neste ano. “O RN hoje compete com o Espírito Santo no cenário internacional como um dos maiores produtores e exportadores de mamão do Brasil”, afirma Saldanha.

A lista de produtos exportados, porém, é mais ampla e inclui cana-de-açúcar, castanha, mel e pescados, além da expectativa de retomada consistente da exportação de banana, interrompida há mais de uma década após a saída de uma grande multinacional. Segundo o secretário, a empresa – uma das maiores do mundo em frutas – já voltou a investir no Estado e deve alcançar 800 novos hectares plantados neste ano.

O avanço do agro também movimenta o mercado interno. Somados os 4Ms e outras frutas tradicionais, como coco, abacaxi e banana, o RN deve injetar até R$ 1,2 bilhão na economia nacional ao abastecer redes de varejo e hotelaria. “Em praticamente qualquer café da manhã de hotel no Brasil, o melão servido é produzido no RN”, afirma Saldanha.

Irrigação mais estável abre novas fronteiras e atrai capital estrangeiro

A expansão do setor, segundo o secretário, tem um combustível decisivo: a nova infraestrutura hídrica do Estado. A chegada das águas do São Francisco ao Vale do Açu, aliada à recém-inaugurada Barragem de Oiticica, criou um cenário de estabilidade inédita para irrigação no semiárido. A expectativa é que, até meados de 2026, o abastecimento também alcance o Chapadão do Apodi, região que já desponta na produção e exportação de frutas.

Guilherme Saldanha secretário de Agricultura RN (42)
Secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca do RN, Guilherme Saldanha – Foto: José Aldenir/Agora RN

Além da água, a logística coloca o RN em vantagem competitiva em relação a outros polos agrícolas do Nordeste. A distância entre o Vale do Açu e o Porto de Natal, por exemplo, não ultrapassa 200 km – contra quase 1.000 km percorridos por frutas produzidas no Vale do São Francisco até chegar aos portos do Nordeste. “O custo do transporte de um contêiner pode ser até cinco vezes menor no RN”, explica Saldanha.

O ambiente favorável tem atraído o olhar de investidores internacionais. O Estado já abriga seis grandes empresas espanholas de fruticultura. A Espanha, maior exportadora de frutas do mundo – com cerca de US$ 9,5 bilhões anuais –, enfrenta dificuldades climáticas e busca novos territórios produtivos. “É muito significativo que esse interesse se volte para o RN”, avalia o secretário.

Emprego no semiárido e modernização tecnológica na produção

O impacto econômico é direto. Somente as exportações deste ano devem injetar pelo menos R$ 1,5 bilhão na economia potiguar. O capital externo e nacional viabiliza desde a compra de sistemas de irrigação israelenses, até tratores e máquinas de última geração. Mas, para Saldanha, o maior ganho está no emprego: “São vagas formais, com carteira assinada, garantindo segurança trabalhista e previdenciária no semiárido”.

Segundo ele, a orientação da governadora Fátima Bezerra é fortalecer a atividade de forma sustentável e ampliar seu papel social. “O setor gera empregos, amplia áreas produtivas e transforma investimentos em desenvolvimento. Nosso compromisso é fazer essa atividade crescer cada vez mais”, resume. Este ano, o setor agropecuário acumula um saldo superior a 2,5 mil empregos gerados – de acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O setor detém 100 mil empregos no plantio e cultivo e outros 100 mil na comercialização dos produtos agrícolas.

Com segurança hídrica reforçada, logística competitiva e capital estrangeiro em expansão, o RN se aproxima de um novo patamar na fruticultura mundial – e se prepara para consolidar, nos próximos anos, um dos pólos agrícolas mais dinâmicos do País.