
Os dados mais recentes da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap-RN) indicam queda nos índices de dengue no Rio Grande do Norte em relação ao ano de 2024. Entre a primeira e a 42ª semana do ano anterior, o Estado teve 16.704 casos prováveis da arbovirose. Em 2025, no mesmo período, esse número foi de 9.173. Apesar da redução, de 45%, o sábado (8) será Dia D da Dengue no Brasil, lembrando que o combate à doença ainda é necessário.
Entre a primeira e a 49ª semana do ano anterior, o Estado teve 30.013 casos notificados e 7.004 confirmados de dengue. Em 2025, até a 42ª semana, esses números são, respectivamente, 14.767 e 3.574. O Brasil contabilizava, até a noite desta segunda-feira (3), 1.611.826 casos prováveis de dengue, uma queda de 75% em relação ao mesmo período de 2024. As 1.688 mortes, em 2025, também tiveram redução (72%) em comparação com 2024. Os dados são do Ministério da Saúde. Já no Rio Grande do Norte, o número de mortes já é maior em 2025 (5) do que foi em 2024 (3).
Segundo a médica infectologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol/UFRN/Ebserh), Gisele Borba, a diminuição já era esperada. “A dengue alterna alguns anos de incidência alta com anos de incidência bem mais baixa. A dengue é transmitida por mosquitos, e sua sazonalidade é diretamente atrelada ao ciclo de vida do mosquito”, explica.
O infectologista Kleber Luiz frisa que os surtos de dengue sempre variam de um ano para outro. “Às vezes, têm caráter explosivo, multiplicando por 10 os números; às vezes, têm uma diminuição”, diz ele. De acordo com ele, o trabalho dos agentes de saúde e de endemias, que realizam o controle dos criadouros, contribuiu para a diminuição, que já era esperada nos padrões de variação da dengue.
Ele também explica que houve um “esgotamento de suscetíveis”. Segundo esse fenômeno, parte das pessoas ficaram imunes aos dois sorotipos mais comuns no ano anterior e não adoeceram novamente.
Gisele Borba afirma que a transmissão piora nos meses chuvosos, quando a água se acumula em depósitos onde os mosquitos se multiplicam. Em períodos secos, os casos tendem a diminuir.
No RN, de 2023 para 2024, o número total de casos confirmados aumentou 193,7%, de 2.430 (2023) para 7.137 (2024). Já o número de casos notificados aumentou 154,67% nesse intervalo – de 12.048 para 30.683. Houve três mortes em cada um dos dois anos.
Cuidados
Embora o cenário local e nacional apontem para uma melhora nos índices de dengue, o Ministério reconhece a importância de combater a arbovirose. Por isso, a pasta vai promover uma ação de mobilização nacional contra a dengue no próximo sábado (8). Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o trabalho de prevenção precisa começar agora, antes do período de maior transmissão.
De acordo com Gisele Borba, “a dengue é uma doença que precisa sempre de atenção, e pode ser prevenida, tanto por cuidados frequentes com locais de possível acúmulo de água, quanto por vacina”.
A arbovirose é transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti. O controle do vetor segue como principal forma de prevenção e ainda há a vacina contra a dengue no Sistema Único de Saúde (SUS), disponível desde fevereiro de 2024. “Atualmente, no SUS, a vacina está disponível para crianças de 10 a 14 anos. E no privado, ela está disponível para pessoas de até 60 anos de idade”, lembra Borba.
Kleber Luiz diz que o combate à dengue inclui evitar criadouros em casa e controlar a proliferação do mosquito. Além disso, com detecção precoce e tratamento adequado, a chance de morte é reduzida.