
A psoríase é uma inflamação crônica metabólica que acomete pele, articulações e, segundo os dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia, afeta atualmente 1,5% dos brasileiros. Apesar de não ser contagiosa, suas lesões costumam causar preconceito e abalar a autoestima do portador. Outubro é o mês que marca o Dia Mundial da Psoríase, 29/10, ocasião que busca ampliar a conscientização sobre a doença, orientar a população quanto aos tratamentos adequados e reduzir o estigma social.
A doença se caracteriza por placas espessas e avermelhadas na pele, recobertas por escamas esbranquiçadas ou prateadas, que podem causar coceira, dor e sensação de queimação. A psoríase também pode ir além da pele, acometendo articulações e órgãos internos. O desconhecimento ainda permite que sejam difundidas uma série de inverdades sobre a psoríase, o que pode atrasar o diagnóstico e o tratamento do paciente.
“A maior causa da persistência do estigma e do preconceito é o desconhecimento geral sobre essa doença”, afirma Emanuela Menezes, dermatologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL). Segundo ela, a falta de informação faz com que as pessoas associem as lesões visíveis a mitos e concepções erradas, gerando repulsa e medo. “Muitos acham que é uma doença contagiosa; os próprios pacientes têm vergonha da doença devido à aparência das lesões. Há ainda o impacto na autoestima”, diz.
A dermatologista explica que qualquer pessoa em qualquer idade pode ser acometida pela doença. Não há um perfil fixo, mas a psoríase está associada a fatores genéticos, imunológicos e ambientais. Entre eles, o histórico familiar, já que ter um parente próximo com psoríase aumenta o risco de desenvolvê-la; ter doenças autoimunes, e alguns transtornos relacionados ao estilo de vida, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade e estresse.
A doença também apresenta dois picos de incidência, conforme Emanuela. O primeiro entre 15 e 30 anos de idade, sendo a manifestação mais comum e geralmente associada a um histórico familiar da doença. O segundo pico ocorre entre os 50 e 60 anos de idade. “É importante ressaltar que a psoríase é uma doença complexa e multifatorial, e muitos desenvolvem a condição sem um histórico familiar claro ou sem a presença de fatores de risco óbvios”, completa.
Vários fatores podem desencadear ou agravar os sintomas em pessoas com predisposição. Esses fatores variam de uma pessoa para outra, mas há gatilhos comuns que incluem: estresse emocional; o uso de álcool, mesmo em pequenas quantidades, pode piorar os sintomas da psoríase; o tabagismo também está ligado à prevalência e à gravidade da doença, podendo desencadear crises.
Outros gatilhos, segundo a dermatologista, incluem lesões na pele (cortes, arranhões, picadas de inseto ou queimaduras solares); infecções no geral; uso de alguns tipos de medicamentos; algumas doenças crônicas (diabetes não controlado); mudanças hormonais (puberdade, gravidez e menopausa), entre outros. “Identificar os gatilhos pessoais e aprender a controlá-los pode ajudar a gerenciar a psoríase e reduzir a frequência dos surtos”, ressalta.