
A reciclagem de eletrônicos continua sendo um dos principais desafios ambientais no Brasil. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o país ocupa o quinto lugar no ranking mundial de geração de lixo eletrônico, produzindo cerca de 2,4 milhões de toneladas por ano. No entanto, apenas 3,3% desse total é reaproveitado, o que revela uma grande defasagem na coleta e no descarte correto desses materiais.
Um dos maiores obstáculos, segundo especialistas, é a falta de informação sobre como e onde realizar o descarte. A maior parte dos resíduos acaba no lixo comum, o que agrava o impacto ambiental e desperdiça recursos valiosos, como cobre e alumínio — materiais que poderiam ser reinseridos na cadeia produtiva.
Falta de conscientização e ações locais
Para o presidente da Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (ABREE), Robson Esteves, o cenário ainda exige conscientização. “Todo mundo tem em casa um eletroeletrônico guardado na gaveta, mas não sabe o que fazer. Quando mostramos que é possível descartar corretamente, sem prejudicar o meio ambiente, o comportamento começa a mudar”, afirma.
A produção de lixo eletrônico é praticamente inevitável, já que aparelhos como celulares, micro-ondas e aspiradores de pó precisam ser substituídos com o tempo. Entretanto, quase metade dos brasileiros ainda desconhece os locais adequados para descarte, segundo levantamento nacional.
Em Porto Alegre, por exemplo, ações de educação ambiental têm incentivado a população a utilizar os chamados ecopontos — locais de entrega voluntária. Conforme Andréa Ramme, coordenadora de educação ambiental do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), cerca de 170 pontos de coleta já estão ativos no Rio Grande do Sul. “Estamos levando essa iniciativa para condomínios e síndicos, estimulando o descarte sistemático e diário”, destacou.
Expansão da coleta e perspectivas
Atualmente, existem mais de 60 ecopontos criados em parceria com empresas e prefeituras, e a meta é alcançar 3.500 pontos em todo o Brasil nos próximos anos. Além disso, campanhas de conscientização continuam sendo fundamentais para ampliar o volume de materiais destinados corretamente à reciclagem de eletrônicos.