No Rio Grande do Norte, neste ano, a esporotricose, uma micose provocada pelo fungo Sporothrix, atingiu 4 mil casos em humanos e animais, segundo dados do Painel Epidemiológico da Esporotricose. O painel foi elaborado pelo Centro de Inteligência Estratégica para Gestão Estadual do SUS (CIEGES/RN). O número chamou atenção de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Entre os humanos, foram notificadas 856 ocorrências em 44 municípios, das quais 519 foram confirmadas. Já nos animais, os registros somam 3.156 casos em 21 municípios, com 1.639 confirmações. A capital potiguar lidera o número de notificações, com 609 casos em pessoas e 2.328 em animais, seguida por Parnamirim, Macaíba e Santa Cruz.
A médica infectologista e professora da UFRN, Andreia Nery, coordenadora do Grupo de Estudos e Ações em Saúde Única (GEASU), aponta que o maior número de registros na Região Metropolitana de Natal está relacionado à capacitação das equipes de saúde para identificar e notificar a doença. “Nós acompanhamos o avanço da esporotricose por meio dos dados oficiais, mas ainda há muita subnotificação de casos”, ressalta.
O GEASU desenvolve o projeto Enfrentando a Esporotricose, com apoio do Ministério da Saúde, da UFRN, da Secretaria Estadual de Saúde, da Prefeitura de Natal, da Unifesp e da UFMT. Entre as ações, estão estudos e encontros técnicos com profissionais da saúde humana, animal e ambiental. Um desses encontros ocorrerá nesta terça-feira (21), na Unidade Básica de Saúde do Planalto, na zona oeste de Natal, região que registrou aumento recente dos casos.
O tratamento da esporotricose, oferecido pelo SUS, é feito com o uso do antifúngico itraconazol. Em casos mais graves, que demandam internação, o atendimento é realizado no Hospital Giselda Trigueiro, em Natal. Atualmente, apenas quatro unidades de saúde na capital oferecem atendimento especializado para a doença.
A micose atinge principalmente humanos e gatos e já se espalhou por diversas regiões do estado, mas tem cura quando tratada corretamente, reforçando a importância da detecção precoce e do acompanhamento médico.