A campanha de vacinação contra a dengue no Rio Grande do Norte ainda enfrenta resistência, com apenas 36% dos adolescentes entre 10 e 14 anos retornando para tomar a segunda dose do imunizante. Esse índice segue a tendência nacional de baixa adesão ao esquema vacinal completo. Segundo dados do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), em todo o Brasil foram aplicadas 2,2 milhões de primeiras doses, mas apenas 636 mil pessoas retornaram para a segunda dose.
No estado, o Ministério da Saúde distribuiu 108,3 mil doses da vacina, sendo que 39,8 mil primeiras doses foram aplicadas, mas apenas 11,7 mil adolescentes retornaram para a segunda dose. O esquema vacinal exige duas doses com um intervalo de três meses, mas a falta de retorno é uma realidade. Técnicas de enfermagem que atuam na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Alecrim, na zona Leste de Natal, Ana Cristina e Márcia do Nascimento, relatam a baixa adesão na prática.
“Os pais ainda têm muito receio ou desconhecem a importância de vacinar os filhos. Isso a gente consegue perceber. Os idosos até vêm perguntar se tem vacina para eles e a gente explica que não tem ainda”, conta Ana Cristina. Márcia do Nascimento reforça que a vacinação é segura e pode proteger contra casos graves da doença. “A vacina serve justamente para evitar complicações e hospitalizações. É fundamental que todos completem o esquema vacinal, principalmente nessa faixa etária que está mais exposta à doença”, explica.
A campanha de vacinação deste ano tem como foco crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, faixa etária que, segundo a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, do Ministério da Saúde, concentra o maior número de hospitalizações por dengue, depois dos idosos. Vale lembrar que a vacina não foi liberada para os idosos. Entretanto, a adesão do público adolescente tem sido menor do que o esperado, um reflexo de fatores como o desconhecimento dos pais e a falta de rotina de visita aos serviços de saúde entre os jovens.
“O público dessa faixa etária não costuma frequentar os serviços de saúde rotineiramente. Por isso, os pais e responsáveis precisam estar atentos e levar seus filhos para se vacinar. É um ato de amor e de responsabilidade”, destaca Ethel Maciel.
O Ministério da Saúde alerta que, apesar da importância da vacina, ela não é suficiente para combater a dengue sozinha, devido à produção limitada do imunizante. Por isso, o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença, continua sendo fundamental. A população deve adotar medidas preventivas, como o uso de repelentes, vedação de caixas d’água e eliminação de possíveis criadouros em residências.
A vacinação segue disponível nas Unidades Básicas de Saúde do Estado. Em Natal, além da oferta nas unidades, de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e de 13h às 15h, o imunizante passa a ser oferecido também nos pontos extras de vacinação localizados nos Shoppings Midway Mall e Partage Norte Shopping, de segunda a sexta-feira das 13h às 20h, e no sábado, das 15h às 20h. O esquema vacinal Qdenga é composto por duas doses com intervalo de três meses entre elas. Para se imunizar, a criança ou adolescente deve ter entre 10 anos e 14 anos, 11 meses e 29 dias.
Combate ao mosquito
- Participe da fiscalização das ações de prevenção e controle da dengue executadas pelo SUS.
- Use de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão;
- Remova recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
Vede reservatórios e caixas de água; - Desobstrua calhas, lajes e ralos;