A agência europeia que monitora o clima constatou que os incêndios no Pantanal e na Amazônia levaram as emissões de gás carbônico do Brasil aos piores níveis em quase duas décadas.
Faz 22 anos que o observatório europeu avalia as emissões de carbono provocadas por incêndios e nunca, em todo esse tempo, o Amazonas e o Mato Grosso do Sul despertaram tanta preocupação. O Instituto Copernicus, da União Europeia, definiu como “severos” os incêndios florestais no Pantanal e na Amazônia, “impactando a qualidade do ar em toda a região”.
Em entrevista ao Jornal Nacional, o cientista sênior do Observatório da União Europeia, Mark Parrington, definiu a situação como “preocupante”. Ele disse que a fumaça atingiu mesmo áreas muito além dos locais onde os incêndios ocorreram, chegando a atravessar o Atlântico.
O gráfico mostra que os focos andam tão fora da curva que o fogo, inclusive, prejudicou a qualidade do ar em outros países da América do Sul.
Os cientistas europeus afirmaram que na segunda metade de julho houve um claro aumento de focos – e de emissões associadas a eles – em todo o Brasil; que o país está seguindo no mesmo caminho do pior ano de emissões – 2007; e que o Pantanal e a Amazônia enfrentaram os piores incêndios em quase 20 anos.
O dado considera a quantidade de focos, a extensão das áreas afetadas e as emissões de carbono. Resultado: Amazonas e Mato Grosso do Sul bateram, no início de setembro, recorde de emissões para os últimos 20 anos.
O instituto europeu destacou que a ocorrência desses focos é fora do padrão, mesmo levando em conta que, de julho a setembro, costumam ocorrer incêndios no Brasil. A combinação de temperaturas extremamente altas e seca prolongada, além de outros fatores climáticos, contribuíram para a intensidade dos incêndios.
O relatório destacou também que exatamente um mês atrás, São Paulo viu incêndios fora do normal, que se espalharam muito rapidamente e que isso fez a cidade registrar, no dia 9 de setembro, a pior qualidade do ar em todo o planeta.