
O Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, vive uma crise. Referência no atendimento a pacientes com queimaduras em todo o Rio Grande do Norte, a unidade enfrenta deficiências estruturais, por causa de uma obra paralisada há 1 ano, falta de e recursos humanos, comprometendo a qualidade e a segurança da assistência. Nesta quinta-feira 21, representantes de entidades médicas fizeram uma visita ao local e foram acompanhados do secretário estadual de Saúde Pública, Alexandre Motta.
A situação se agravou após o início de uma reforma em agosto de 2024, que foi abandonada poucos meses depois. O resultado foi a perda de áreas essenciais para o funcionamento do setor, incluindo ambulatório, salas de curativos, espaço de reabilitação e até o posto de enfermagem. Com isso, pacientes e equipes convivem com a precarização crescente.
Entre os principais problemas relatados, estão a transformação de um setor fechado em enfermaria aberta — o que fragiliza o controle de infecções —, a ausência de leitos de isolamento, a redução de enfermarias disponíveis e a falta de locais adequados para armazenamento de insumos e repouso das equipes. Além disso, faltam regularmente materiais básicos, como lençóis, equipamentos de proteção individual e insumos para curativos e procedimentos cirúrgicos.
A sobrecarga da equipe multiprofissional também é apontada como fator crítico. O CTQ perdeu psicóloga, fonoaudióloga e conta com número insuficiente de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e cirurgiões plásticos, em desacordo com normas do Ministério da Saúde. A escala de enfermagem está desfalcada, com apenas uma profissional dividida entre vários setores no período noturno, enquanto os médicos clínicos atuam apenas no turno da manhã, deixando a assistência à noite sob responsabilidade de uma equipe reduzida.
Para o coordenador do CTQ, Marco Almeida, o cenário é emergencial e exige providências imediatas. “Nós estamos vivendo uma situação de crise como nunca antes vista. O paciente queimado não pode esperar, ele morre. Precisamos resgatar as condições que nos levaram ao título de alta complexidade e garantir dignidade e segurança tanto para os pacientes quanto para os profissionais”, destacou.
