
Em meio às especulações e indefinições sobre o processo eleitoral de 2026, a governadora Fátima Bezerra (PT) e o vice-governador Walter Alves (MDB) se reuniram nesta segunda-feira 29 para fazer uma “avaliação política e administrativa” do Rio Grande do Norte. Nem o local da reunião nem imagens do encontro foram divulgados à imprensa.
Em nota conjunta após a reunião, Fátima e Walter comunicaram que vão debater a sucessão de 2026 junto às cúpulas nacionais de PT e MDB.
O encontro entre os dois acontece após Walter Alves ter admitido publicamente, no último dia 19, que poderá não assumir o governo em abril de 2026, após a esperada renúncia de Fátima Bezerra para disputar o Senado. Em uma entrevista no município de Angicos, Walter também não descartou ser candidato a deputado estadual e apoiar a candidatura a governador do prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União), que faz oposição ao PT.
No cenário de vacância dupla (renúncia da governadora e do vice), a gestão estadual ficaria a cargo do presidente da Assembleia Legislativa, atualmente o deputado estadual Ezequiel Ferreira (PSDB), ou para o presidente do Tribunal de Justiça, hoje o desembargador Ibanez Monteiro. Ao assumir o cargo, o governador interino teria de convocar nova eleição em até 90 dias para escolha de um governador para um “mandato tampão”.
Na nota distribuída à imprensa nesta segunda-feira, Fátima e Walter disseram que, após a reunião, concluíram que “os interesses do Estado do Rio Grande do Norte sempre se imporão aos legítimos projetos partidários ou pessoais, conforme aconteceu nas eleições de 2022.”
E afirmam ainda que o assunto da sucessão estadual será tratado em Brasília. “Entendendo que a aliança que nos elegeu governadora e vice-governador foi parte do projeto nacional, consolidado no governo do presidente Lula e no nosso governo estadual, e em contato com dirigentes nacionais dos nossos partidos, comunicamos que as decisões quanto às questões das eleições de 2026 serão tomadas ouvidas as instâncias nacionais do Partido dos Trabalhadores e do Movimento Democrático Brasileiro”, afirmaram em nota a governadora e o vice.
A chapa que elegeu Fátima e Walter em 2022 foi montada com participação direta do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele veio ao Rio Grande do Norte e selou a aliança entre PT e MDB naquela eleição.
A interlocutores, Walter tem dito que hesita em assumir o governo em razão da crise fiscal que enfrenta o Estado. No início deste mês, o secretário de Fazenda e pré-candidato do PT ao governo, Cadu Xavier, negou que a gestão estadual vá deixar uma “bomba fiscal” para Walter Alves (MDB) assumir a partir de abril. Cadu afastou, em entrevista à rádio 98 FM, a possibilidade de uma explosão nos gastos com pessoal no próximo ano.
“Um possível colapso do Governo Walter desmorona tanto a minha candidatura quanto a candidatura da governadora Fátima. Ele não nos interessa”, argumentou Cadu. Em seguida, reforçou que não faz sentido armar um cenário de caos para quem assumiria o governo por poucos meses: “Se a gente armar uma bomba no colo dele, ela volta para o meu colo, para o colo da governadora instantaneamente. É o nosso governo. Só muda o técnico”.