Atualmente, quatro mil potiguares estão empregados pelo Programa de Interiorização da Indústria Têxtil (Pró-Sertão), criado em 2014 e que, desde então, vem crescendo cada vez mais.
Na prática, o Pró-Sertão proporciona a implantação de pequenas e microempresas de facção de vestuário em municípios localizados em regiões de baixo desenvolvimento econômico, para atender à demanda de grandes fabricantes de confecções.
Em 2019, 53 oficinas de costura faziam parte do Programa. Hoje, o número mais que dobrou – são 118 empresas em 32 municípios do Sertão do Rio Grande do Norte, movimentando cerca de R$ 90 milhões por ano.Desenvolvido pelo Governo do Estado em uma parceria institucional com a Federação das Indústrias do Estado do RN (Fiern) e com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para execução, o Pró-Sertão gera empregos, renda e movimenta a economia do Estado numa região de poucas oportunidades para o setor da indústria, beneficiando diversas cidades.“Esse é um setor que mudou a cara do Sertão. É a principal atividade industrial do Seridó com a participação de toda a sociedade. Nós temos um belíssimo case de sucesso do ponto de vista social, desenvolvimentista e econômico, consequência desses dois primeiros”, disse Rodrigo Mello, diretor do Senai.
Como incentivo por parte dos gestores do Pró-Sertão, atualmente as unidades de costura contam com uma redução de, pelo menos, 90% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
“A governadora fez um decreto especial. Tem o geral e tem um específico para a questão de confecções e indústria têxtil, que dá o melhor incentivo do Brasil. A redução do ICMS para a confecção e indústria têxtil é uma redução de 90% a 95%. Então, ao invés de pagar 18%, você começa pagando 1,8%”, explicou Jaime Calado, secretário da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico (Sedec).
Em 2022, o Governo, em convênio com o Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) e o Senai, deu início a uma capacitação e qualificação de dois mil costureiros em todo estado para trabalharem nas oficinas de costuras do Pró-Sertão, dando novo fôlego ao Programa e impulsionando o desenvolvimento e a geração de emprego no interior.
“É um programa que estava muito concentrado no Seridó e na tromba do elefante. Esse curso inicialmente é para dois mil costureiros de 40 municípios, sendo 50 costureiros em cada um. Isso atinge as dez regiões”, continuou o titular da Sedec.
Grande parte das peças produzidas nas pequenas fábricas do Pró-Sertão é absorvida pela Guararapes, grupo que controla a rede de lojas Riachuelo. A produção dos itens de vestuário muitas vezes é compartilhada: começa na Guararapes, vai para as unidades do Sertão e depois volta para ser concluída.
Todos os dias, a Guararapes produz cerca de 105 mil peças de roupas. Dessas, em torno de 50 mil (aproximadamente um terço) são produzidas nos 32 municípios do Sertão potiguar, através do Pró-Sertão.
“Quase 70% dos produtos que são vendidos em nossas lojas são produzidos no Brasil, não apenas na Guararapes, em Natal, mas também nas oficinas de costura do Pró-Sertão e em outras confecções espalhadas pelo país”, revelou Jairo Amorim, diretor Executivo Industrial da Guararapes.
Para passar pelo rígido controle da empresa e garantir que as peças sejam vendidas em lojas de todo o país, é necessário que as unidades de confecção possuam o Certificado Nacional da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX).
“Hoje o consumidor não admite mais um produto que não vista bem, que ele coloque para lavar e desbote, que abra suas costuras, então a qualidade é essencial. E, nesse contexto, a gente desenvolve um trabalho muito bacana no nível operacional, em conjunto com o Senai, que trabalha a qualificação das costureiras para que elas possam evoluir cada vez mais em diversas operações”, explicou Jairo.
“Este é o nosso foco hoje, para que na nova perspectiva de ampliação de contratos e do número de peças a serem fabricadas, a gente tenha empresas sólidas e competitivas para o mercado”, concluiu o diretor do Senai, Rodrigo Mello.