
O Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do Estado (Sinsp-RN) cobra detalhes do Censo dos Servidores da Educação, elaborado pelo Governo do Estado. No entendimento da entidade sindical, os dados apresentados no levantamento “são genéricos” e não permitem uma análise aprofundada do real cenário dos servidores da educação. O Sinsp-RN denuncia que cerca de 4 mil professores estariam “sem local de trabalho”. O Governo divulgou que dos 20.620 professores ativos da rede, 1.019 não responderam aos questionamentos.
O levantamento divulgado em junho pela Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e do Lazer (SEEC) aponta que dos 1.019 que não atenderam ao Censo, 670 estão cedidos ou de licença não remunerada; 128 estão alocados, mas não responderam; e 221 estão sem registros em suas folhas funcionais. O Censo mostra também que 19.601 professores responderam ao levantamento, feito via Sistema Integrado de Gestão da Educação (SIGEduc).
Para a presidente do Sinsp-RN, Janeayre Souto, os números divulgados não são suficientes para rebater a denúncia de que o Estado teria “professores fantasmas”, que estariam recebendo salários, mas não estariam lotados em salas de aulas. Em janeiro deste ano, o sindicato entregou um ofício à governadora Fátima Bezerra (PT) com uma lista de 4.473 nomes de professores que estariam sem nenhum local de trabalho. “Onde estão mais de 4 mil professores? Os detalhes do Censo devem responder essa e tantas outras importantes questões”, diz Souto.
A SEEC adiou o fim do Censo diversas vezes. Com atraso, o Estado anunciou que concluiu a pesquisa em 17 de maio. Os resultados foram publicados no portal do Governo do Estado em 12 de junho. “O Monitoramento do SIGEduc afirma que hoje existem pouco mais de 14.700 professores alocados na rede estadual de ensino. Mas o documento mostra que o Estado paga cerca de 19 mil professores todos os meses. Esse é o dado enviado à Assembleia Legislativa com o impacto do reajuste para os professores em 2024”, completa Janeayre Souto.
A reportagem da TRIBUNA DO NORTE solicitou os dados detalhados à secretaria, mas até o fechamento desta edição não houve resposta. “O sindicato cobra os detalhes dos dados, as planilhas, as informações de cada escola, cada professor, as funções. Precisamos disso para que as denúncias sejam respondidas. O quadro do SIGEduc mostra que tem cerca de 11 mil professores em sala de aula, mas tem 19 mil no total. Onde estão esses 8 mil? A gente não sabe se eles estão em escolas ou cargos administrativos, por exemplo. É essa transparência que o sindicato está cobrando”, acrescenta a sindicalista.
À época da divulgação do Censo, a SEEC classificou a ação como “fundamental para a atualização cadastral com informações pessoais e profissionais dos servidores, trabalhando os dados do maior efetivo entre as pastas que compõem o Governo do Estado do Rio Grande do Norte”. A participação no censo foi obrigatória para todos os servidores ativos, incluindo efetivos, comissionados e celetistas, exceto para aqueles que ingressaram no serviço público neste ano.