Mais um ouro para as mulheres do Brasil. Depois de Beatriz Souza (judô) e Rebeca Andrade (ginástica artística), Duda e Ana Patrícia sobem ao lugar mais alto do pódio. A dupla do vôlei de praia, líder do ranking mundial, venceu a dupla canadense formada por Melissa Paredes e Brandie Wilkerson, por 2 a 1, na final dos Jogos de Paris, parciais de 26/24, 12/21 e 15/ e conquistou o ouro. Recentemente, a dupla do Brasil havia vencido a mesma parceria do Canadá na final dos Jogos Pan-americanos de Santiago-2023 por 2 a 0, levando o título inédito.
No primeiro set, as canadenses começam melhores, sacando em Duda que teve dificuldade para pontuar. Mas as brasileiras foram buscar o placar. Ana Patrícia cresceu no bloqueio, marcou com o fundamento, mas também complicou o ataque rival. As brasileiras passaram a acertar os contra ataques, com jogadas inteligentes e defesas importantes e, em grande sequência, as brasileiras conseguiram ficar à frente no marcador pela primeira vez na partida, na parcial de 18 a 17. A bola final, de Duda jogando de manchete para o fundo da quadra das canadenses, foi um lance corajoso, que trouxe ainda mais confiança para sequência da final.
Diferente do início do jogo, o segundo set começou com muito equilíbrio entre as duplas. O duelo se manteve nesta pegada até o fim do vigésimo ponto, que determinou o empate em 10 a 10. A partir dali, as canadenses tomaram conta das ações. Explorando a dificuldade de Ana e Duda na virada de bola, elas conseguiram 11 pontos, contra apenas dois das brasileiras, e levaram a decisão da medalha de ouro para o tie-break.
Apesar de terem terminado o segundo set muito mal, a dupla brasileira iniciou o o tie-break com tudo e conseguiram abrir quatro pontos na metade dele. A partir dali, Ana e Duda seguraram a vantagem no placar para vencer as canadenses e ficar com a medalha de ouro dos Jogos de Paris.
Com esta conquista, o Brasil volta ao pódio olímpico no vôlei de praia após passar em branco em Tóquio-2020. A modalidade tem 14 medalhas, sendo quatro ouros, sete pratas e três bronzes.
Antes de chegar à final, Ana e Duda haviam feito uma competição quase impecável. A dupla brasileira chegou para disputa do ouro com apenas um set perdido nas seis vitórias conquistadas. Na única vez que não venceu por 2 a 0, na vitória sobre as australianas, Mariafe Artacho del Solar e Taliqua Clancy, elas saíram atrás. No entanto, conseguiram a virada que as garantiu uma medalha nas Olimpíadas de 2024.
Tanto Duda quanto Ana Patrícia dão a volta por cima: elas estiveram em Tóquio-2020 com duplas diferentes. Ao lado de Aghata, Duda foi às oitavas-de-final, e Ana Patrícia, com Rebecca, teve melhor desempenho pelo país, terminando nas quartas-de-final.
Logo na primeira participação nos Jogos da carreira, as brasileiras entraram para um seleto grupo de campeãs olímpicas na modalidade, além de terem quebrado um tabu de 28 anos. As últimas e únicas medalhistas de ouro, até então, haviam sido Jaqueline Silva e Sandra Pires, na Atlanta-1996. Na ocasião, elas não só se tornaram as primeiras mulheres a conquistar um título nos Jogos da história do Brasil, mas também do vôlei de praia feminino.
Além disso, as jogadoras voltam a ganhar um título olímpico após dez anos. É que quando jogaram pela primeira vez juntas, na época do juvenil, elas sagraram-se campeãs dos Jogos Olímpicos da Juventude Nanquim-2014 (venceram uma dupla do Canadá também). Nesta época, também foram bicampeãs mundiais sub-21 em 2016 (Suíça) e em 2017 (China).
Ana Patrícia contou ao GLOBO que quase desistiu do esporte após eliminação e Tóquio e ataques nas redes sociais. Disse que foi Duda quem a ajudou. Juntas para este ciclo de Paris-2024, elas colecionaram títulos: estão há mais de dois anos no topo do ranking mundial, foram bicampeãs do Circuito Mundial, medalhistas de prata e ouro no Mundial, bateram o recorde de vitórias do Campeonato Brasileiro, foram campeãs pan-americanas e venceram a grande maioria das etapas internacionais disputadas.
Fonte: O Globo